Fundamentos da clínica com crianças: uma leitura - Psicanálise & Cultura

Fundamentos da clínica com crianças: uma leitura

"...é na dialética da demanda de amor e da experiência do desejo que se ordena o desenvolvimento”.

(Lacan, "A significação do falo”, 1958)

Temos, com a psicanálise, a consideração do universo psíquico a partir da própria dimensão inconsciente, e não de sua exclusão. Ela traz, em toda sua fundamentação teórico-conceitual, a separação definitiva do universo do desenvolvimento enquanto campo que concilia a dimensão evolutiva e cronológica. Tal separação é marca fundamental, pois traz à cena a constituição do sujeito e a estrutura psíquica que o abriga.
Freud, mesmo ao apresentar sua teoria do desenvolvimento libidinal infantil, proposta em fases – oral, anal e fálica – verifica que a apreensão do universo psíquico não pode ser vista senão pela perspectiva do dualismo pulsional, pela trilha aberta pelo desejo, singular e libidinal.
Sem abrir mão da perspectiva do "tempo”, tanto em seu registro real e cronológico, quanto lógico, do qual nos fala Lacan, sabemos que há um tempo para a constituição da estrutura psíquica – da primeira infância à adolescência. Analisar crianças implica, necessariamente, questionar e investigar o momento de estruturação no qual ela se encontra, que inclui o modo como se dão as operações constitutivas, bem como o laço e a ancoragem ao campo do Outro. Sua estruturação depende irremediavelmente desse Outro, agente de linguagem, que, apostando no sujeito a advir, lê a criança, investindo-a de significantes. Cabe ao analista operar de modo a possibilitar que a criança passe da posição de objeto - fundante - para a posição de sujeito, constituindo-se assim como desejante.
A leitura tem como proposta a articulação dos conceitos teóricos com os elementos que podemos depurar a partir da experiência clínica. Perpassar os fundamentos da clinica com crianças é o que se pretende, no caminho de destacar e elaborar o que se pode recolher tanto acerca da estruturação subjetiva, como do que compete ao lugar de analistas de crianças.

Coordenação: Scheila Aparecida Uliana Canal e Juliana Moysés Vieira
Horário: Sexta-feira, às 18 horas
Periodicidade: quinzenal
Atividade aberta a membros e participantes que tenham clínica com crianças, mediante entrevista. Envie uma mensagem pelo Fale Conosco ou pelo WhatsApp